Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023 | Resumo: 355-1 | ||||
Resumo:A leptospirose e uma doença infecciosa negligenciada transmitida pelo contato com urina de animais infectados ou água e lama contaminadas pela bactéria. O homem é hospedeiro terminal e acidental da doença. Esta zoonose é causada por bactérias Gram-negativas do tipo espiroqueta do gênero Leptospira, sendo Leptospira interrogans Copenhageni, o objeto de estudo deste projeto. L. interrogans apresenta o sistema de secreção Tipo II (T2SS – Type II Secretion System). O T2SS está descrito na literatura por ser responsável pela secreção de efetores para o meio externo e está implicado na secreção de uma vasta quantidade de proteínas que apresentam distintas características funcionais. Vale a pena ressaltar, que nada se sabe sobre o papel funcional do T2SS de L. interrogans. Dentre as enzimas secretadas pelo T2SS estão descritas proteases capazes de degradar componentes da matriz extracelular e do sistema complemento, mostrando o papel deste sistema como um fator de virulência. Interessantemente, essas classes de proteases já foram observadas no secretoma de L. interrogans sugerindo que sua secreção possa ser via o T2SS.
No cluster gênico dos genes codificadores de T2SS em L. interrogans Copenhageni há um gene (locus_tag LIC_11568) que chama a atenção por ser conservada em várias espécies de Leptospira, e a denominamos de Tox2. Esta proteína contém os domínios LysM e Peptidase M23. Os domínios LysM são capazes de se ligar ao peptideoglicano ou a glicoproteínas da matriz extracelular o que permite que outros domínios com atividade enzimática, consigam acessar melhor este substrato. O domínio com ação tóxica seria o domínio da família das Peptidases M23. Algumas das características de enzimas com a presença deste domínio é a degradação da parede celular de bactérias Gram-positivas ou até degradar componentes do tecido conectivo como elastina e estimular a liberação de compostos para sinalização celular.
Foi analisada a toxicidade de Tox2 em células de E. coli DH5α transformadas com plasmídeos com direcionamento da toxina para o citoplasma (pBRA) ou periplasma (pBRA-pelB). Mostramos que Tox2 não é tóxico para E. coli nas condições testadas. Em ensaios de degradação de componentes da matriz extracelular e do plasma sanguíneo, observamos que Tox2 é capaz de degradar de forma dose dependente Fibronectina, Fibrinogênio, Vitronectina e Lumican. Tox2 mutante para a histidina 300 para uma alanina, resíduo importante para a sua atividade enzimática, diminuiu significantemente sua atividade. A degradação destes componentes pode promover a inibição da coagulação do sangue contribuindo para a hemorragia em infecção por leptospiras patogênicas, sugerindo que Tox2 possa ser uma toxina. Nossos resultados sugerem que Tox2 possa ser um efetor do T2SS, um dos dois únicos sistemas de secreção anotados no genoma de Leptospira interrogans, contribuindo para a caracterização dos fatores de virulência deste patógeno. Palavras-chave: Efetores, Leptospira interrogans, Patogenicidade, T2SS, Virulência Agência de fomento:Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) – PROEX (88887,699818/2022-00) |